domingo, 18 de julho de 2010

9 de Julho de 1932 - Revolução Constitucionalista


O nosso obelisco foi construído com papelão reciclado, fita adesiva, cartolina, giz de cera, e canetinhas coloridas. Com um projeto eleborado pelo Milton (que aparece na foto e trabalha na biblioteca) desenhamos, colamos e recortamos. O obelisco consegue ficar em pé devido estar amarrado com um barbante no teto. Além disso tem um vídeo e um painel, ao lado da estrutura, que conta a história da revolução de 32, sendo o obelisco o lugar onde esta enterrado os soldados.


Obelisco


Um obelisco (do latim obeliscus do grego ὀβελίσκος, diminutivo de ὀβελός "espeto") é um monumento comemorativo, típico do Antigo Egipto, constituído de um pilar de pedra em forma quadrangular alongada e sutil, que se afunila ligeiramente em direção a sua parte mais alta, normalmente decorado com inscrições hieroglíficas gravadas nos quatro lados, terminado com uma ponta piramidal. Os mais antigos obeliscos eram feitos a partir de apenas uma peça de pedra (monólitos).

Obelisco do Ibirapuera

O Obelisco Mausoléu aos Heróis de 32, também conhecido como Obelisco do Ibirapuera ou Obelisco de São Paulo, é um monumento funerário brasileiro localizado no Parque do Ibirapuera, São Paulo.
Símbolo da Revolução Constitucionalista de 1932, o obelisco é o maior monumento da cidade e tem 72 metros de altura. A construção do monumento foi iniciada em 1947 e concluída em 1970. Tombado pelos conselhos estadual e municipal de preservação de patrimônio histórico, o mausoléu do Obelisco guarda os corpos dos estudantes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo (o M.M.D.C.) - mortos durante a Revolução de 1932 -, e de outros 713 ex-combatentes.
Para homenageá-los e preservar a memória da rebelião, há cenas bíblicas e passagens da história paulista feitas com pastilhas de mosaico veneziano.
O Obelisco é um projeto do escultor ítalo-brasileiro Galileo Ugo Emendabili, que chegou ao Brasil em 1923, quando tinha 34 anos de idade, pois estava fugindo de um regime fascista em seu país. O obelisco, feito em puro mármore travertino, foi inaugurado em 9 de julho de 1955, um ano após a inauguração do Parque do Ibirapuera. A Revolução Constitucionalista, Revolução de 1932 e Guerra Paulista foram os nomes dados ao movimento armado ocorrido no Brasil entre julho e outubro de 1932.
O obelisco tem inscrições acompanhadas de ícones em suas quatro faces. Iniciando pela face norte, seguindo pela face oeste, sul, e finalmente leste. O poema escrito é texto de Guilherme de Almeida, feito como homenagem aos revolucionários de 1932. Abaixo segue o texto:

"Aos épicos de julho de 32, que,
fiéis cumpridores da sagrada promessa
feita a seus maiores - os que
moveram as terras e as gentes por
sua força e fé - na lei puseram sua
força e em São Paulo sua Fé."

sexta-feira, 16 de julho de 2010

É o fim do livro? Rir para não chorar

A. P. Quartim de Moraes

O desenvolvimento da tecnologia digital e da internet são uma ameaça ao livro? Essa questão seria fascinante se não fosse falsa. O que é, afinal, que estaria com os dias contados? O objeto livro, o livro impresso em papel, na forma que o conhecemos há mais de meio milênio?

Em Não Contem com o Fim do Livro (Record, 2010, tradução de André Telles), dois famosos bibliófilos e colecionadores de obras raras, o semiólogo e escritor italiano Umberto Eco e o roteirista de cinema e escritor francês Jean-Claude Charrière, colocam inteligência, erudição e bom humor a serviço do esclarecimento dessa momentosa questão, mediados pelo jornalista e ensaísta francês Jean-Philippe de Tonnac.

Afirma Eco (página 16): "Das duas uma: ou o livro permanecerá o suporte da leitura, ou existirá alguma coisa similar ao que o livro nunca deixou de ser, mesmo antes da invenção da tipografia. As variações em torno do objeto livro não modificaram sua função, nem sua sintaxe, em mais de quinhentos anos. O livro é como a colher, o martelo, a roda ou a tesoura. Uma vez inventados, não podem ser aprimorados. Você não pode fazer uma colher melhor do que uma colher."

Ou seja, apesar de sua imagem idealizada - às vezes, sacralizada - de fonte de lazer, informação, conhecimento, fruição intelectual, o livro, enquanto objeto, é apenas "o suporte da leitura", o meio pelo qual o escritor chega ao leitor. E assim permanecerá até que "alguma coisa similar" o substitua. Saber quanto tempo essa transição levará para se consumar é mero e certamente inútil exercício de futurologia. Até porque provavelmente não ocorrerá exatamente uma transição, mas apenas a acomodação de uma nova mídia no amplo universo da comunicação. Tem sido assim ao longo da História.

Tranquilizem-se, portanto, os amantes do livro impresso. Tal como "a colher, o martelo, a roda ou a tesoura", ele veio para ficar, pelo menos até onde a vista alcança. E não se desesperem os novidadeiros amantes de gadgets. Estes continuarão sendo inventados e aprimorados por força da voracidade do business globalizado. E é possível até mesmo que algum deles venha a se tornar definitivo e entrar no time do livro, da colher, da roda...

Assim, o livro-forma parece prescindir dos cuidados de quem teme por seu futuro. Mas já não se pode dizer o mesmo do livro-conteúdo. Que é o que interessa. Este, sim, corre sério risco de soçobrar na tormenta de um mercado movido por insaciável apetite de lucros.

É claro que este é um fenômeno universal, resultante do paradoxo de um extraordinário desenvolvimento tecnológico capaz de globalizar as comunicações e a economia, mas absolutamente desinteressado de acabar com a fome no planeta. Será que são coisas incompatíveis? Faz mais sentido acreditar que seja questão de valores. Valores humanos.

Voltando aos livros, quando os valores humanos passam a se traduzir em cifras, os conteúdos dançam e livro bom passa a ser livro que vende. Não é força de expressão. É uma realidade relativamente recentemente no mercado editorial brasileiro, mas conhecida há pelo menos meio século, por exemplo, no dos Estados Unidos.

Jason Epstein, diretor da Random House por 40 anos e um dos fundadores de The New York Review of Books, afirma sobre as transformações do mercado editorial norte-americano em meados do século passado: "Durante esse período, o ramo da edição de livros desviou-se de sua verdadeira natureza, assumindo, coagido pelas desfavoráveis condições de mercado e pelos equívocos dos administradores distanciados, a postura de um negócio convencional. Essa situação levou a muitas dificuldades, pois publicar livros não é um negócio convencional. Assemelha-se mais a uma vocação ou a um esporte amador, em que o objetivo principal é a atividade em si, em vez do seu resultado financeiro" (O Negócio do Livro: Passado - Presente e Futuro do Mercado Editorial - Record, 2002, tradução de Zaida Maldonado, página 21).

Segue na mesma linha o editor franco-norte-americano André Schiffrin, durante 30 anos diretor da Pantheon e cofundador, em 1990, em Nova York, da editora sem fins lucrativos The New Press: "Na Europa e nos Estados Unidos, o trabalho de edição de livros tem longa tradição de ser uma profissão intelectual e politicamente engajada. Os editores sempre se orgulharam de sua capacidade de equilibrar o imperativo de ganhar dinheiro com o de lançar livros importantes. Nos últimos anos, à medida que a propriedade das editoras mudou de mãos, essa equação foi alterada. Hoje, frequentemente o único interesse do proprietário é ganhar dinheiro, e o máximo possível" (O Negócio dos Livros - Como as Grandes Corporações Decidem o que Você Lê - Casa da Palavra, 2000, tradução de Alexandre Martins, página 23).

Por aqui, era inevitável que o fundamentalismo de mercado também acabasse se instalando no negócio dos livros. Não faz muito tempo, num painel de editores promovido pela Fundação Instituto de Administração (FIA), com apoio da Câmara Brasileira do Livro (CBL), ficou grotescamente evidente a divisão entre os profissionais do ramo. Durante os debates, um jovem e impetuoso autointitulado defensor da saúde financeira dos empreendimentos editoriais (eu não imaginava que houvesse alguém contra isso...) lançou indignadamente sobre os do "outro lado" o anátema implacável: "Conteudistas!"

Refeito do susto, pude até a me divertir com a ideia de propor aos do "outro lado" a união em torno de uma nova sigla, a CPC - Confraria dos Perigosos Conteudistas. Pois, como ensina o mestre Millôr Fernandes, aliás Vão Gôgo, ridendo castigat mores. Quer dizer: rindo castiga-se mais...

JORNALISTA É EDITOR-ASSOCIADO DA GLOBAL EDITORA.
E-MAIL: APQUARTIM@DUALTEC.COM.BR

Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/geral,e-o-fim-do-livro-rir-para-nao-chorar,581890,0.htm

16/07/2010